Por Vitor Lima
Em agosto de 2013, Giovanni Rocco foi nomeado secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC (AGABC). Desafiado a olhar para trás e fazer um balanço de sua atuação na AGABC, Rocco ressalta que um dos grandes desafios foi reestruturar a entidade para que ela conseguisse planejar ações de longo prazo e tivesse estrutura para solucionar problemas imediatos.
O executivo enumera cinco departamentos construídos para esses fins: Jurídico, Comunicação, Educação Profissional, Eventos e Projetos. Todos, em suas respectivas áreas, foram importantes para que a “engrenagem” da agência funcionasse e fosse robusta o suficiente para enfrentar todos os desafios deste período.
Executivo se anima com os avanços no projeto do Polo Tecnológico | Foto: Douglas Oliveira/FPN |
Ele, que nesse ínterim de atuação no órgão viveu altos e baixos da economia nacional, reconhece que a função da AGABC é difícil, pois muitos dos objetivos da entidade só são alcançados depois de uma mudança cultural por parte dos empresários da região. “Nesse mundo que a gente vive, da economia e de estruturar projetos, você não consegue fazer nada em curto prazo. As ações que você faz em curto prazo é apagar incêndio. Você vai e atende uma demanda aqui, outra ali, mas estruturar mesmo um projeto, que atenda a demanda da região, leva tempo”, explica.
Apesar disso, ao analisar os últimos três e anos e quatro meses, Rocco não tem nenhuma dificuldade para elencar ações bem sucedidas e com resultados concretos. Segundo ele, a entidade avançou na estrutura de atendimento aos micro e pequenos empresários e ofereceu bons programas para esse público. Ele cita o mutirão de crédito, que “foi um sucesso” e registrou mais de 600 atendimentos, o apoio aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) de várias áreas e os programas de promoção, como o Circuito Regional do Cambuci e o festival ABC da Gastronomia, que buscaram movimentar a economia local.
As micros e pequenas empresas, que representam 93% das mais de 250 mil empresas do ABC, são umas das grandes preocupações do executivo. Ele lembra que elas são as que mais empregam na região, mas também são as que mais sofrem com momentos de instabilidade econômica como o que nós estamos vivendo. Contudo, para ele, outro grande problema é a falta de conhecimento em gestão destes empresários.
“Na nossa região, 70% dos micro e pequenos empresários não sabem se tem lucro ou prejuízo. Então eles precisam de conhecimento técnico em gestão. Eles são bons empreendedores no sentido de buscar mercado, fazer negócio, vender... porém, no dia-a-dia administrativo eles têm muita dificuldade em fazer a gestão da empresa, porque não tem conhecimento”, ressalta. Após esse comentário, Rocco foi enfático: “O grande desafio é fortalecer essa malha de micro e pequenas empresas. Assim, a gente as valoriza na cadeia de produção”, defende.
Ecossistema regional
Acostumado a lidar com o ecossistema empreendedor da região, Rocco analisa com segurança o atual panorama econômico do ABC. “Nossa região é muito rica, cheia de oportunidades, porém ela vive um momento de transformação. A minha percepção é que o que nós vivemos na década de 1950 por aqui será vivido novamente. Dessa vez com a reinvenção da região”, projeta.
Ele lembra que ainda somos muito dependentes da indústria automotiva, o que é péssimo em um momento como esse, em que elas estão em baixa, pois geram um “efeito dominó” na economia local e prejudicam toda a população. Entretanto, o executivo alerta que não se pode abrir mão deste setor. Pelo contrário, ele deve ser fortalecido, ao lado da indústria química e petroquímica, pois eles ainda são a base industrial da região.
Para ele, o que deve ocorrer é uma grande mudança na forma de se relecionar com o mercado. “O que nós temos que pensar agora é o que vai fazer com que as empresas continuem aqui: vai ser a nossa malha de serviços tecnológicos, vai ser a nossa malha produtiva com base em alta tecnologia. A gente vai ter que transformar a nossa base produtiva, para que a produção desses serviços de alta tecnologia esteja ancorada aqui no ABC”.
Polo Tecnológico
Após todo esse diagnóstico, Rocco voltou suas atenções para explicar o maior projeto em andamento na Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC: o Parque Tecnológico de Santo André. O projeto terá papel fundamental nesta transformação, pois será responsável por unir diversas entidades que atuam no apoio ao empreendedorismo e à inovação no ABC.
O próprio explica: “Nós falamos Parque Tecnológico de Santo André porque ele está sediado em Santo André, mas na realidade nós queremos identificar todas as iniciativas produtivas que existem na região e estabelecer um link com o parque. É o que será chamado de Polo Tecnológico. Esses polos não precisam estar fisicamente no lugar, ele pode estar numa empresa, num laboratório ou numa universidade. Vamos pensar como se fosse uma rede de computadores: nesse momento o que nós estamos estruturando é o servidor para pensar depois criar hubs de inovação que se comunicam”.
Em Santo André, já existem áreas determinadas para o parque. Para viabilizá-lo, estima-se um custo de R$ 14 milhões, que devem ser oriundos de uma emenda parlamentar do deputado estadual Luiz Turco (PT) enviada ao governo do estado. As articulações para a liberação da verba devem ganhar mais agilidade, após a posse dos novos prefeitos de Santo André (Paulo Serra), São Bernardo do Campo (Orlando Morando) e São Caetano do Sul (José Auricchio), todos membros do PSDB, assim como o governador do estado, Geraldo Alckmin. Dentro dos próximos oito meses, a AGABC deve entregar projetos (de captação de recursos, estrutura jurídica e arquitetônica) para viabilizar a implantação do Parque Tecnológico.
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