Da Redação
A profunda crise que atingiu a economia brasileira, com queda acentuada da atividade industrial, teve forte influência nos resultados de 2016 da Paranapanema, a maior produtora de cobre brasileira. A retração brusca na oferta de crédito para a indústria foi o item que mais impactou os resultados da companhia no último ano, reduzindo as linhas de financiamento disponíveis para a empresa em R$ 708 milhões (o equivalente a US$219 milhões, já descontada a variação cambial), usadas basicamente como capital de giro para a aquisição de matéria-prima.
A escassez de crédito no mercado nacional trouxe um efeito cascata imediato na gestão da companhia. Os financiamentos para clientes foram revistos e os prazos de recebimento das vendas foram reduzidos, contribuindo para a redução no volume de vendas no mercado interno.
Uma das unidades da companhia fica em Santo André | Foto: Reprodução |
Com isso, a Paranapanema encerrou 2016 com receita líquida de R$4,6 bilhões e lucro bruto de R$349,9 milhões, 15% menor se comparado aos resultados de 2015. Do total de receitas no ano, 36% vieram do mercado interno (42% em 2015) e 64% do mercado externo (58% em 2015). Já o volume total de vendas foi de 42,6 mil toneladas, queda de 14% comparada ao período anterior. O volume total de produção foi de 400,1 mil toneladas, 73,6 mil toneladas a menos do que no ano de 2015 (-16%).
A queda de estoque médio em 23% de 2015 para 2016 – decorrente da falta de capital de giro –, impediu o pleno aproveitamento da capacidade instalada nas plantas de Dias D’Ávilla (BA) e Santo André (SP) e gerou um aumento na ociosidade das fábricas, elevando as despesas operacionais em R$122 milhões. Além disso, incertezas sobre a geração de lucros tributáveis futuros fizeram com que a companhia provisionasse R$275,8 milhões no segundo trimestre de 2016, referentes a créditos em imposto de renda diferido. Tais condições fizeram com que a Paranapanema apresentasse prejuízo líquido de R$373 milhões em 2016.
Mesmo com resultado negativo, a Companhia registrou EBITDA (desempenho antes do resultado financeiro líquido, imposto de renda e contribuição social, depreciação e amortização, participações minoritárias e equivalência patrimonial) de R$108,4 milhões em 2016 (R$ 265,7 milhões em 2015), representando uma margem de 2,4% sobre a receita líquida.
Para reduzir os impactos do cenário de crise econômica, a Paranapanema iniciou, ainda no primeiro semestre de 2016, um intenso e complexo processo de negociações para fortalecimento de estrutura de capital e reperfilamento de dívidas com seus principais acionistas e credores. Em 30 de setembro de 2016, foi assinado o primeiro acordo de standstill, renovado e válido até o momento, no qual as dívidas junto aos respectivos credores estão suspensas de cobrança.
Segundo o diretor-presidente da Paranapanema, Marcos Camara, atualmente os esforços estão centrados na retomada da produção plena das unidades e na geração de resultados para seus acionistas. “Nossa principal preocupação é buscar reduzir a ociosidade de nossas instalações, com impacto positivo sobre o resultado operacional da companhia”, explica Camara. “No curto prazo, esperamos concluir o processo de reperfilamento das dívidas e o reforço da estrutura de capital da Paranapanema para poder capturar as eventuais vantagens que um cenário econômico mais favorável possa oferecer”, acrescenta o executivo.
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