Dentro do conceito de Disruption (“Disrupção” – termo que
não existe em português, mas foi adaptado), que inclui mudanças bruscas no
mundo empresarial, na forma como produtos e serviços são consumidos, Kip
Garland (foto) , especialista em tecnologia e sócio da Dex Advisors, fala de inovação
como principal diferencial competitivo.
“Não basta ter um produto melhor, com clientes melhores, com
mais tecnologia, para dizer que você está inovando”, afirma. Isso pode ser
melhor entendido com um exemplo bastante conhecido no mundo corporativo. “No
mercado das copiadoras, a Xerox tinha o produto líder de vendas. Comercializava
para grandes clientes, obtendo boas margens de lucro. A Canon percebeu que
poderia fabricar um produto que atendesse à necessidade das pequenas e médias
empresas. Assim, mesmo com uma copiadora tecnologicamente inferior, que
produzia um número menor de cópias por minuto, conquistou um imenso mercado com
seu produto ‘menos moderno’ e mais barato”, explica.
Segundo ele, o processo de inovação é a capacidade de
combinar escassez de recursos e tempo com o foco nos objetivos de curto prazo.
Se não é produzida nenhuma ideia breakthrough (de avanço, ruptura), a
credibilidade pode ser ameaçada.
“Para sustentar os investimentos realizados em inovação, é
necessário continuar fortalecendo a capacidade dos profissionais. O desenvolvimento
da capacidade organizacional em inovação é uma das principais tarefas para
preservar o sucesso futuro de uma empresa. Em muitos processos de inovação, as
ideias se tornam repetitivas e as inovações não se materializam”, afirma ele.
Aplicativos como Uber e AirBnb são apontados como
disruptivos, eles remodelaram o mercado. Se na era ‘analógica’, as inovações
disruptivas levavam anos ou até décadas para se consolidar, o desenvolvimento
da internet foi um terreno fértil para reviravoltas. A Netflix, é claro, surfa
nessa onda também.
Quando o Youtube foi lançado, os estúdios davam risada. Quem
iria querer assistir um vídeo de má qualidade, feito em casa? “Os grandes
estúdios não estavam preparados para responder a isso”, explica.
“Job to be done” – Qual é o progresso que o consumidor
busca? Nunca o produto é o benefício em si, mas o que ele faz. A maior parte
das empresas se concentra nos produtos. “Quando compro uma caneta, não quero
simplesmente escrever, mas sim, comunicar”, diz. Por isso, a empresa deve se
aprofundar muito no que o cliente quer, em qual avanço ele busca, e não no
produto em si. Para quem trabalha com fast-food, por exemplo, não adianta ficar
olhando a tela de pedidos para gerenciar a compra dos ingredientes. “Neste
caso, o job to be done é fazer uma gestão do cashflow e, para isso, é preciso
ter uma pessoa focada na previsão no número de cliente”, analisa.
Kip Garland
Kip Garland trabalhou em startups no Vale do Silício e foi
diretor da Strategos, empresa americana de consultoria em inovação estratégica
fundada pelo guru Gary Hamel. Também é fundador da primeira consultora de
inovação no brasil – a InnovationSEED. Ele é formado em Física e
tornou-se um renomado consultor global de inovação.
Kip liderou projetos de inovação nas Américas do Norte e do
Sul, na Europa, na Ásia e no Oriente Médio. Seu trabalho é focado na criação de
abordagens e estruturas que auxiliem empresas a pensar e agir diferente para
atingir melhores resultados com esforços baseados em inovação.
Além de físico pela Califórnia State University, tem
mestrado em Estratégia Internacional em Administração de Empresas pela
Stockholm School of Economics (Suécia), ESADE (Espanha), FGV (Brasil) e
Universidade de Minnesota (EUA).
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