Da Redação
Empresas da iniciativa privada reduziram o quadro de colaboradores em 11,09% em 2015, contra 1,40% em 2014, ou seja, a eliminação de pessoal no ano passado foi quase oito vezes maior do que no ano anterior. Em consequência, o faturamento por colaborador subiu de R$ 280,4 mil para R$ 330,3 mil no ano passado, o que significa que em 2015 as empresas enxugaram as equipes, mas aumentaram em 17,77% o faturamento por funcionário em termos reais, levando-se em conta os 10,67% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) que baliza os salários.
A redução de efetivos de forma voluntária atingiu apenas 9,5% no ano passado, contra 36,9% em 2014. Num quadro de grave crise econômica, é natural que as pessoas se prendam mais ao emprego, conclui pesquisa sobre Indicadores de Gestão de Pessoas realizada anualmente pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Carreiras, Liderança e Competências (GEPeCLiC) da Pós-Graduação em Administração da Universidade Metodista de São Paulo, em parceria com a Associação de Gestores de Recursos Humanos (AGERH).
Dados são referentes a 2014 e 2015 | Foto: Reprodução |
Apesar do universo restrito a 10 empresas grandes e médias do ABC e Capital, os números são representativos porque compreendem indústria e serviços do setor privado que são referência em suas atividades econômicas. Estão nesse rol organizações nacionais e multinacionais, de administração familiar e não familiar das cidades de São Bernardo do Campo, Diadema e São Paulo. Os dados referem-se a 2015 comparados a 2014, ou seja, a um ano de crise já instalada. Foram avaliadas 12 práticas, desde gestão de pessoas até incentivos aos quadros e ações de sustentabilidade, passando por pesquisa específica sobre o Departamento de Recursos Humanos.
Na 17ª edição, o levantamento indica que a redução dos cargos de liderança em relação ao total foi de 9,5%, contra 10,4% há dois anos. Esse movimento reforça outro dado da pesquisa segundo o qual aumentou o percentual de pessoas com curso superior no quadro de funcionários, de 17,7% para 18,7%. Os pesquisadores acreditam que talvez o desligamento em massa de funcionários tenha sido maior entre os que não possuem curso superior.
Um dado positivo diz respeito ao incentivo à formação educacional. Somente 40% das empresas declararam não oferecer benefícios. Nas 60% restantes os incentivos variam de 25% a 100%.
Outro avanço está sobre mulheres na liderança, que chegaram a 52,1% em 2015, quando no ano anterior eram 46,3%. Significa que pela primeira vez a quantidade de líderes mulheres ultrapassou a quantidade de líderes homens. Isto é resultado da maior quantidade de mulheres em cursos superiores, sobretudo os ligados à gestão como Administração e tecnólogos em Gestão.
Por outro lado, pelo segundo ano consecutivo ficou clara a pouca preocupação com a carreira dos funcionários nas empresas pesquisadas, pois nenhuma apontou planos de gestão de carreiras, retenção de talentos e preparo para aposentadoria.
RH perde status
Especificamente sobre o setor de Recursos Humanos (RH), a pesquisa chama atenção para a perda de status em 2015. Houve rebaixamento dos cargos de diretores para gerentes e, destes, para supervisores. Em compensação, aumentou de 67% para 87% o percentual de líderes de RH participando de comitês estratégicos, provavelmente para gerir as consequências legais e de custo das demissões.
Os RH com cargos de diretoria ou acima desse nível somaram 30% no ano passado, contra 50% no ano anterior, enquanto aqueles com status menor, de supervisão, cresceram de 8,3% para 20% no confronto dos dois períodos.
Também se destaca a redução do percentual de Treinamento & Desenvolvimento (T&D), revelando que em momentos de crise essa função é menos prioritária que as funções operacionais (caiu de 19% para 5,9% do total de RH). A íntegra da pesquisa pode ser acessada aqui.
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