terça-feira, 12 de setembro de 2017

Startups de verdade nascem da solução de problemas de verdade

Por Benício José Filho 

Nos últimos cinco anos percorri o Brasil participando dos mais diversos eventos no universo do empreendedorismo avaliando startups para que recebessem investimentos, ganhassem competições ou ainda para serem eleitas em programas de aceleração. Em alguns casos tais eventos poderiam ser de transformação de alguma realidade específica como, por exemplo, impactos socioambientais na Amazônia. Mais de 400 startups já passaram por minhas avaliações. Embora o número pareça grande, o que impressiona mesmo é como uma pequena parte deste contingente, menos de 10%, realmente resolve problemas essenciais das pessoas.

Foto: Arquivo

A pergunta que sempre faço ao analisar uma startup é: será que o motivo desta empresa existir (problema que resolve) é realmente importante para que pessoas paguem pelo que ela irá oferecer ao mercado? Somos, como bons brasileiros, muito criativos, porém, muitas vezes nossa criatividade não é aplicada de forma consistente na solução dos milhares de problemas que temos em nosso País.

Sabe-se que em nosso País poucas pessoas têm seguros, sejam eles para seus carros, casas ou seguros de vida. Existe um enorme mercado a ser explorado. Qual a abordagem para resolver este problema? Canso de ver sempre a mesma coisa: plataformas e aplicativos que prometem contratação mais fácil, ágil e barata. Será que é isso que irá resolver este problema? Efetivamente posso afirmar que não. A baixa adesão aos seguros em sua maioria se dá pelo desconhecimento dos benefícios. Ensinar a importância pode vender mais do que vender facilidades. Resolver problemas de verdade sempre será melhorar a vida das pessoas. Em muitos casos pode ser através de informações e da educação que criamos novos mercados a serem explorados.

Ter uma startup sem que resolva problema nenhum será sempre cair na vala comum de brigar por preço para ter clientes. Isso vale para qualquer empresa, não apenas para as startups. Uma nova pastelaria que não leva um diferencial ao mercado é apenas mais uma opção. Sendo assim, como poderá se destacar? Convido você a pensar nos problemas que no seu dia a dia são chatos, insuportáveis ou que fazem você perder tempo. Caso consiga resolvê-los de forma inteligente se pergunte: alguém pagaria por esta solução? Eis aí uma boa provação e o começo de um bom negócio.

Para aprofundar este tema, sugiro o livro: “Problemas? OBA!”, de Roberto Shinyashiki.

Benício José Filho é professor de Empreendedorismo na Universidade Mauá e presidente do Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul (ITESCS). Benício atua para promover a atividade tecnológica e o empreendedorismo no ABC. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário