segunda-feira, 22 de maio de 2017

Após “delação das delações” JBS dá sinais de deixar o país

Por Nacir Sales

Aparentemente o Grupo JBS está mesmo de mudança para os Estados Unidos. A recente delação dos controladores do Grupo JBS, Joesley e Wesley Batista, contra o governo Temer lançaram incertezas políticas e econômicas ao cenário brasileiro. Enquanto os olhos da nação se voltam para as investigações em cima do presidente Michel Temer, o país cega os olhos para as inúmeras investigações em cima do Grupo JBS.

Joesley Batista, pivô da atual crise política brasileira. 
Aproximadamente 80% das operações da empresa já estão no exterior, sendo que 56 de suas fábricas estão nos EUA e são responsáveis por mais da metade de suas vendas globais. Os proprietários do Grupo já estão no país, em Nova York, onde a base de operações só aumenta. Em dezembro passado a empresa realizou um IPO na Bolsa de Nova York, dando início a um amplo processo de realocação que claramente retira a administração geral da empresa de solo brasileiro.

Quem abriu a IPO foi a JBS Foods International, com sede na Holanda. Ainda em 2016 eles tentaram migrar sua sede para a Irlanda, algo que só não foi possível graças à oposição do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES. A ida para os EUA, que não pode ser considerado paraíso fiscal, como a Irlanda o foi na época, parece ter sido a saída.

O silêncio do BNDES foi questionado, na época, como apoio aos negócios praticados em benefício da família Batista Sobrinho. O órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foi notificado sobre os atos da administração do JBS onde os administradores do Grupo favoreceram seu próprio banco, o Banco JBS S/A, hoje Banco Original. A acusação é de ter utilizado recursos da empresa de capital aberto para alavancar os negócios do Original e da JBS Negócios Agropecuários.

A interpelação indagava à Presidência do BNDES se ela apoiava os atos da família controladora do JBS ou se adotaria medidas para afastar o controlador da administração do frigorífico. Nada foi feito, e agora o Grupo, que continua sendo investigado em diversas operações como a Lava Jato e a Carne Fraca, solta uma delação devastadora para a economia e administração do país, e se prepara para deixa-lo. Enquanto isso seu acionista, BNDES, continua calado.

A CVM, assim como o Banco Central, foi acionada pelo advogado Nacir Sales, porque o JBS não pode realizar negócios em benefício de seus controladores, uma vez que a empresa possui milhares de acionistas que compraram ações na BOVESPA. O interesse dos investidores do mercado de capitais é protegido pela CVM, órgão regulador que por isso mesmo é chamada de “xerife do mercado”. “O BNDES não poderá manter a sua atitude de indiferença, ainda mais agora dado o cenário, sob pena de a própria administração incorrer em responsabilidade”, afirma Sales.

Quando dos fatos denunciados, o Ministro Henrique Meirelles era Presidente do Banco Central do Brasil, e a representação levada ao BACEN na mesma época dava conta que o Banco Original jamais poderia ter sido fundado da forma que foi, já que seu primeiro presidente, Geraldo Dontal, era réu no processo do Mensalão Mineiro, não preenchendo a condição legal da "reputação ilibada". Além disso, não poderia ter se utilizado de uma companhia de capital aberto, o maior frigorífico do mundo, para alavancar um banco particular da família controladora do Grupo JBS.

Após sair da presidência do Banco Central, o Ministro Meirelles, sem dar notícias de haver punido publicamente o Banco JBS, veio a presidir a empresa que é dona do Original e controla o Frigorífico JBS. “Com a situação atual, nos resta saber quanto mais a justiça irá se cegar diante das ações do grupo”. São mesmo muitas coincidências curiosas envolvendo o Grupo, que aparentemente é quem mais se beneficia de sua “delações das delações”.




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