Discutir os desafios da jornada empreendedora, apontar saídas, estimular o networking e fortalecer o ecossistema inovador brasileiro. Esses foram os principais objetivos do Startup Day, evento organizado pelo Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que ocorreu simultaneamente em 80 cidades brasileiras no último dia 20.
A Universidade de São Caetano do Sul (USCS) sediou a iniciativa voltada ao ABC. A programação, que contou com a participação de quatro palestrantes, reuniu pouco mais de 100 pessoas.
Carlos Carneiro esta à frente da Startadora, plataforma voltada à aceleração de startups em fase inicial | Foto: Hugo Silva |
O primeiro orador foi Carlos Carneiro. Ele, que possui longa trajetória no ambiente de inovação e tecnologia e faz parte da Aceleratech (respeitada aceleradora de startups), palestrou sobre educação empreendedora. Ao comentar sobre o processo criativo que definirá os rumos do negócio, Carneiro comentou que o empreendedor deve, em primeiro lugar, detectar um problema e apenas depois de estudar esse problema, pensar em possíveis soluções.
O especialista alertou que no início das atividades os erros são comuns e não devem intimidar os empresários. “A única certeza é que você tem é que você vai falhar... muitas vezes”, disse. Ele aproveitou a ocasião para apresentar aos presentes o seu mais novo projeto: a plataforma Startadora, que será voltada à aceleração de startups em fase inicial.
Revolucionar o mercado da construção civil
Outro ponto alto do evento foi a apresentação de Sugata Rodrigues, 33 anos, diretor da startup Indica Obra. Engenheiro Civil de formação e morador de São Bernardo do Campo até dezembro passado, ele constatou uma deficiência do mercado quando trabalhava em construtoras: a dificuldade de achar bons fornecedores para realizar as obras.
Ao refletir sobre o assunto, Rodrigues se deu conta que se ele, que é da área, encontrava problemas, o restante da população deveria ter dificuldades ainda maiores. Surgiu aí a intenção de criar o Indica Obra, que entrou em operação em janeiro de 2015. A ideia do negócio era relativamente simples: reunir, em uma espécie de marketplace, diversos fornecedores após um rigoroso processo de seleção (fornecedores que deveriam pagar para ter espaço na ferramenta).
Rodrigues falou ao público sobre a trajetória e os desafios enfrentados pela startup Indica Obra| Foto: Hugo Silva |
Conforme os usuários fossem contratando os serviços, eles seriam obrigados a avaliar a qualidade do fornecedor e, assim, a plataforma seguiria sendo alimentada. No papel as coisas eram boas, mas ao colocar o projeto no mercado e após participar de um processo de aceleração, o negócio teve que passar por algumas modificações – chamadas de pivotagens no mundo das startups.
“As pivotagens foram necessárias pelas validações com o nosso público-alvo. É extremamente importante conhecer nosso público e saber das suas dores. Estas pivotagens devem ocorrer de maneira mais rápida possível, pois assim corrigimos os erros e seguimos. Devemos aprender com os erros e ser muito rápido para corrigi-los”, reflete o empreendedor.
Após as mudanças, o Indica Obra voltou ao mercado com um novo portal e alguns objetivos diferentes. A intenção que o negócio tinha no início – de cadastrar o maior número de fornecedores possíveis – foi deixada de lado. O diagnóstico é de que seria difícil todos os fornecedores terem a demanda necessária para ficarem satisfeitos com a plataforma.
Assim, a startup pretende atingir, até o fim de 2017, 250 prestadores de serviços validados. Até lá, o empreendedor estima que a ferramenta já tenha participado de mais de 200 obras. “Prevemos um faturamento de R$ 400 mil e um valor gerado de negócios de mais de R$ 2 milhões”, adianta.
Ecossistema regional
O mediador do Startup Day do ABC foi o consultor do Sebrae-SP, Fabio Costa Souza. Na avaliação dele, o evento obteve bons resultados. Contudo, ele tem consciência de que ainda são necessárias muitas outras ações para tornar o ecossistema empreendedor da região mais maduro e propício à inovação. Souza também defendeu a atuação conjunta de todos os órgãos de apoio ao empreendedorismo da região para que as ações sejam mais robustas e tragam resultados mais concretos.
“Esse é um evento inicial para fazer um 'boas-vindas', para dizer 'olha, vamos conectar todo mundo'. Não existe uma instituição mais forte que a outra, tem que somar. Agora a trajetória continua e precisa dos próximos passos. Com todo mundo se ajudando a gente vai conseguir chegar mais rápido e mais longe”, comenta.
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