sábado, 11 de outubro de 2014

Apenas 7% de jovens das classes C e D pensam em plano de carreira

Por Misasi Comunicação 

Diante de uma demanda de uma grande rede de fast-food, os empresários Jean Soldatelli, Guilherme Françolin e Daniel Santa Cruz, sócios da consultoria em engajamento Santo Caos, notaram que havia uma alta rotatividade dos jovens das classes C e D nos postos de trabalho. A partir disso, decidiram estender a percepção inicial para comprovar se, de fato, essa realidade se constatava no mercado em âmbito nacional. Com o estudo, verificaram que apenas 7% desses jovens pensam em plano de carreira ao ingressar em uma empresa, sendo que 80% ocupam cargos subordinados. “No decorrer das atividades, percebemos que o jovem entra nas empresas sem pensar em planos de carreira ou em constituir uma reputação. Essa postura faz com que tanto empresas quanto gestores - por serem de outras gerações - critiquem essa massa de jovens ao invésde procurar entendê-los, para daí então tentar motivá-los. Os desencontros de valores são alguns dos motivos que ocasionam o alto índice de turn over”, explica Jean Soldatelli, diretor de Novos Negócios e Comunicação da Santo Caos.


A pesquisa, que teve como objetivo entender o comportamento dos jovens das classes C e D no mercado de trabalho em geral, foi realizada entre março e junho deste ano com 812 participantes entre 16 e 22 anos, que estavam trabalhando em empresas de varejo, telemarketing, fast-food, companhias aéreas, bancos e até pequenos negócios, em cinco diferentes regiões do Brasil: São Paulo, interior paulista, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife. Ainda sobre o levantamento, outros dados mostram que 61% desses jovens cogitam sair de seus empregos no curto ou médio prazo, enquanto que 50% permanecem no máximo por um ano nas corporações.

De acordo com Soldatelli, os números refletem a ascensão econômica das classes C e D, quebrando o paradigma de que todo jovem dessas camadas sociais é obrigado a ajudar os pais no sustento da família. Segundo o executivo, a pesquisa mostra que 30% dos jovens entram no emprego buscando independência financeira, enquanto apenas 19% entram no mercado de trabalho para ajudar nas despesas do lar, ou por buscarem apenas um primeiro emprego. Outros 13% querem ter experiência profissional e, para apenas 5%, a relevância da marca no mercado é essencial para sua entrada na respectiva companhia. No entanto, 56% confessaram gastar com lazer e consumo, inclusive os que estão trabalhando para ajudar nas despesas familiares. “A procura por um emprego é motivada por independência financeira e, consequentemente, os gastos com lazer e consumo acontecem cada vez mais cedo e numa frequência muito maior”, aponta.

O empresário revela ainda que as experiências provenientes das entrevistas in loco com esses jovens demonstram que os familiares conseguem atendê-los em necessidades básicas.“Fomos a lugares onde moravam sete pessoas em dois dormitórios. A casa encontrava-se em um estado ruim de conservação, mas mesmo assim era equipada com videogame de última geração, televisão de 42 polegadas e outros utensílios sofisticados. Isso comprova que os familiares de boa parte desses jovens de classes C e D conseguem fornecer a eles o básico, independenteda qualidade, ou seja, moradia, alimentação, transporte e até convênios médicos por mais simples que sejam”, comenta.

No detalhamento por região, 50% dos jovens de Porto Alegre estão em busca dessa independência financeira, enquanto no interior de SP são 36% e, na capital paulista, 29%. Já nas outras duas localidades houve disparidade nos dados: 36% dos jovens do RJ estão nos empregos para ajudar em casa e 26% dos recifenses buscam apenas iniciar sua vida profissional nos empregos em que estão. No quesito “como gastam o salário”, as compras e o lazer são a preferência de 67% dos paulistanos, seguidos por 57% dos cariocas, 53% dos gaúchos, 47% dos jovens do interior de SP e 44% dos recifenses. “Independentemente da região do país, a realidade hoje é que muitos jovens profissionais começam a trabalhar para satisfazer necessidades pontuais, como comprar um smartphone da moda ou fazer uma viagem. Por isso, sua relação com o primeiro emprego tende a ser superficial”, esclarece.

Além da abordagem pelo aspecto financeiro, outros quatro quesitos comportamentais foram avaliados regionalmente. Na medição por tempo médio em que permanecem nas empresas, o prazo de até 12 meses de comprometimento é representado em Recife por 55% dos depoentes, RJ por 54%, no interior paulista por 53%, e em SP e Porto Alegre por 47%. Questionados sobre o grau de satisfação nos empregos, 71% dos jovens gaúchos têm a intenção de mudar de trabalho, assim como 69% dos cariocas, 64% dos recifenses, 60% dos paulistanos e, com o menor índice, 40% dos jovens do interior de São Paulo. “Os jovens do interior têm uma maior satisfação em seus empregos pois estão em pequenos negócios, ou em empresas familiares, que oferecem mais flexibilidade e oportunidade de crescimento”, comenta.

Para Jean Soldatelli, a grande mudança que as empresas devem fazer para melhorar o engajamento dos jovens das classes C e D é criar mecanismos para que tantos os anseios da companhia quanto desses colaboradoresconvivam em harmonia. “Para que os jovens tenham interesse e satisfação na empresa, é necessário uma comunicação aberta, na qual a empresa se comunica com eles, mas também ouve, deixando claro o que espera dos profissionais. Este processo fomenta o empenho desse jovem e, certamente, será um trunfo para a empresa nos próximos anos”, alerta.

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