quarta-feira, 31 de agosto de 2016

SP Conecta reúne 700 empreendedores e agentes apoiadores de startups

Da Redação

O primeiro SP Conecta, realizado ontem (30) em São Paulo, reuniu mais de 700 empreendedores com cerca de 40 agentes de apoio a startups no Estado de São Paulo, desde agências de fomento – entre elas a FAPESP – e investidores-anjos, até incubadoras e aceleradoras de empresas, incluindo 10 grandes empresas que já adotam o modelo de inovação aberta, como a Braskem, Embraer, GE Healthcare e Hospital Albert Einstein, entre outras.

O encontro, realizado na Investe SP – Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, promotora do evento, teve como objetivo criar conexões entre os diversos integrantes do ecossistema paulista de inovação para acelerar o desenvolvimento de startups paulistas. “São Paulo é a capital da inovação e, apesar da crise, continua a atrair investimentos, contando, atualmente, com R$ 60 bilhões em carteira”, disse Juan Quirós, presidente do Investe SP. “E tem que ser um Estado ainda mais inovador”, completa. 

O evento foi formatado de maneira a permitir que os empreendedores tivessem contato direto com os agentes apoiadores para conhecer iniciativas e programas de fomento. No ponto de atendimento da FAPESP, por exemplo, dezenas deles buscaram informações sobre o Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Os empreendedores também tiveram a oportunidade de assistir a seis palestras sobre temas relacionados à inovação aberta e a programas de apoio ao ecossistema paulista de inovação.
Evento reuniu grandes empresas que adotaram o modelo de inovação aberta | Foto: Cláudia Izique/AgênciaFAPESP

Claudio Terra, diretor de Inovação do Hospital Albert Einstein – área constituída há dois anos e meio –, apresentou o programa de inovação aberta da instituição, que inclui um laboratório de inovação, um centro de inovação tecnológica e outro de desenvolvimento de novos serviços e startup. “A área de eHealth vai mudar tudo em saúde, assim como genômica, Big data e terapia celular. O Einstein não consegue endereçar todas essas oportunidades e, por isso, montou um programa que busca talentos, startups e pesquisadores para levar à frente essas inovações”, disse Terra.

Na parceria com startups, ele sublinhou, o Einstein pode ajudar a testar uma tecnologia para avaliar seu impacto na saúde, desenvolver conjuntamente uma tecnologia e testar e/ou validar produtos, dividindo, por exemplo, a propriedade intelectual. “Podemos, ainda, ajudar a divulgar um produto, facilitar contatos internacionais, auxiliar nas relações com governos ou planos de saúde. E, com a chancela da marca Einstein, intermediar relação com investidores.”

A Braskem também tem buscado oportunidades de se relacionar com startups, afirmou Luis Ortega, gerente de Desenvolvimento Sustentável da empresa. Por meio do programa Braskem Labs a empresa procura empreendedores que ofereçam soluções usando química ou plástico em áreas como agronegócio, saúde, transporte, alimentação, água e energia. Em 2016, a empresa lançou uma nova categoria para projetos que tenham soluções para o combate ao Aedes aegypti que, no caso, não precisam ter plástico e química em sua composição. “Em 2016, 190 empresas se inscreveram. Destas, foram selecionadas 12 empresas, 10 na área de química e plástico e duas com projetos sobre o Aedes”, ele contou.

As empresas escolhidas passam por um processo de capacitação com duração de quatro meses, tendo acesso a encontros com mentores da Braskem e Endeavor, trilhas de conteúdos traçadas sob medida para cada empreendedor e eventos presenciais de capacitação. O processo culmina com o Demo day, quando os projetos selecionados são apresentados a executivos e clientes da Braskem e a outras empresas do mercado. “Entre 19 empresas capacitadas em 2015, oito se tornaram parceiras da Braskem ou entraram no pipeline de desenvolvimento de clientes. Essas startups criaram uma rede de inovação em plásticos e várias delas iniciaram exportação”, diz Ortega.

Ecossistema de inovação

Crescer incubada ou participar de programas de aceleradoras de startups pode ser estratégico para o sucesso do empreendimento, afirmou Paulo Castello, CEO da Fhincks, empresa que utiliza inteligência artificial para aumentar a produtividade de seus clientes, em operação há pouco mais de um ano.

O produto é um software instalado no computador dos funcionários de grandes empresas que “lê e monitora” todas as atividades do usuário. “Os dados são armazenados em nuvem e processados por meio de um algoritmo que oferece informações sobre a produtividade e sua eficiência operacional”, ele resume.

Há oito meses a empresa passou a integrar uma aceleradora com o objetivo de “entrar no ecossistema” de inovação. “Com isso, passamos a ter acesso a outros líderes empreendedores, a patronos corporativos, a serviço de suporte e à comunidade de talentos, o que foi fundamental quando começamos a crescer muito rápido”, ele afirma, elencando clientes como o Itaú, Algar, Icatu, Votorantim e Rodobens, entre outros.

Bruno Rondani, diretor da Wenovate, chairman da Open Innovation Week e fundador do movimento 100 Open Startups, reforçou a importância do ecossistema para o desenvolvimento de empreendimentos inovadores. “A startup tem pouca oportunidade de se implementar sozinha. Por isso, são importantes o ecossistema e o venture capital”, explicou.

A inovação dentro do Governo do Estado de São Paulo foi tema da palestra de Karla Bertocco, subsecretária de Parcerias e Inovação da Secretaria de Governo do Estado de São Paulo. “Há uma certa discrepância entre a visão do empreendedor, que acha que pode resolver tudo, e a do gestor público, que é mais burocrática. O Pitch Gov nasceu para ouvir esses empreendedores da inovação. Depois da criação do programa, os gestores ficaram mais animados e hoje querem resolver quase todos os problemas utilizando startups”, afirmou.

A última apresentação foi a do vice-presidente da Qualcomm e diretor Executivo da Qualcomm Ventures para a América Latina, Carlos Kokron. Ele lidera o programa de inovação aberta da empresa, trabalhando para “antecipar o futuro” e dar suporte para que as empresas se desenvolvam tecnologicamente. “O empreendedor precisa de mais que dinheiro ou uma ideia genial. Precisa de estratégia para se sustentar e ter relevância no mercado”, disse.



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