sábado, 26 de novembro de 2016

Microempresas: faturamento em queda, otimismo em alta

De Sebrae-SP - Inteligência de Mercado 

A receita real, já descontada a inflação, das micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas caiu 10,1% em setembro diante do mesmo mês de 2015. Foi a 21ª queda seguida no faturamento e reflete o nível fraco de consumo interno, que tem impactado negativamente o resultado das MPEs. No entanto, o tamanho da queda em setembro foi menor do que em agosto (-10,6%) que, por sua vez, foi menor que a de julho (-12,7%). No acumulado do ano, os pequenos negócios viram o faturamento encolher 12,5% ante janeiro a setembro do ano passado. A confiança de que tanto o faturamento quanto a economia vão melhorar se mantém em trajetória de alta. Os dados são da pesquisa Indicadores Sebrae-SP.

Bruno Caetano 


Em setembro, a receita total do conjunto das MPEs do Estado de São Paulo foi de R$ 48,4 bilhões, R$ 5,4 bilhões a menos do que em setembro de 2015.

Na mesma comparação, a indústria apresentou queda de 18,6% no faturamento, relativamente mais acentuada no confronto com os outros setores. Nos serviços, a redução de receita foi de 11% e no comércio, de 6,6%.

As MPEs do interior tiveram uma queda mais acentuada na receita, de 15,6%; no ABC a queda foi de 8,2%; na região metropolitana de São Paulo a diminuição ficou em 4,4% e na capital a receita ficou 1,8% menor em setembro de 2016 em relação a um ano antes. A queda ocorrida no interior foi maior ante a das outras regiões porque a base de comparação era forte, já que a receita havia caído menos em setembro de 2015 sobre setembro de 2014 nessa região.

“O desempenho dos pequenos negócios ainda reflete o momento difícil pelo qual passamos, mas o importante agora é o fato de o ritmo de queda no faturamento ter diminuído. Além disso, os donos de pequenos negócios vem registrando, há seis meses, aumento do otimismo com relação à sua atividade e da economia, certamente pautados na visível mudança de rumos da política macroeconômica. São indicadores significativos para a retomada da confiança e do fôlego para investir e em 2017”, afirma o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf.

O total de pessoal ocupado nas MPEs paulistas diminuiu 3,2% de janeiro a setembro na comparação com os mesmos nove meses de 2015. A folha de salários recuou 6,5% e o rendimento real dos empregados registrou um pequeno declínio de 0,4% no período.

Com os Microempreendedores Individuais (MEIs) a situação não foi muito diferente. A categoria registrou queda no faturamento em setembro na comparação com um ano antes assim como as MPEs, porém menos acentuada, de 5,2%. Foi a 14ª baixa seguida no índice. A atenuante é que, apesar do resultado negativo, setembro de 2016 teve o menor porcentual de baixa na receita dos MEIs sobre o mesmo mês do ano anterior desde o início da série, em agosto de 2014. A receita total dos MEIs paulistas em setembro foi de R$ 3,7 bilhões, ou R$ 201,5 milhões a menos do que em setembro de 2015.

No acumulado do ano, a receita dos MEIs encolheu 16,8% ante igual período de 2015. Em setembro, o comércio teve redução de 8,4% no faturamento sobre setembro de 2015. Os serviços registraram diminuição de 6,7%. A indústria destoou positivamente e apresentou aumento de 3,8% na mesma comparação.

Ao analisar o desempenho por região, os MEIs da região metropolitana de São Paulo perceberam declínio de 7,7% no faturamento em setembro e os do interior viram redução de 1,8% na receita, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

A queda maior na região metropolitana se deve a base de comparação, já que em setembro do ano passado, a receita desses MEIs havia sofrido um tombo de 31,4%, enquanto a dos MEIs do interior registraram 12% de redução no confronto com setembro de 2014.

“As micro e pequenas empresas estão há quase dois anos registrando quedas consecutivas na receita, porém o ânimo desses empreendedores indica que eles estão mais otimistas com o que vem pela frente”, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano. “Se por um lado os resultados não refletem essa confiança, ela é fundamental para que tem um negócio próprio voltar a investir e, dessa forma, fazer a roda da economia girar; ao que tudo indica, 2017 deverá ser um ano melhor e as MPEs poderão voltar para o terreno positivo em suas finanças.”

Expectativas
Sobre as expectativas para os próximos seis meses, em outubro, 46% dos donos de MPEs disseram esperar manutenção do faturamento de sua empresa ante 56% em outubro do ano passado. Houve um sensível aumento na parcela dos que aguardam melhora, de 23% um ano antes para 40% em outubro de 2016.

Entre os MEIs, aumentou o porcentual dos que creem em melhora para o seu faturamento nos próximos seis meses: de 48% em outubro de 2015 para 57%. Outros 35% aguardam estabilidade, ante 36% um ano antes e 5% afirmam que haverá diminuição na receita, diante de 12% em outubro de 2015. 

Quanto à economia brasileira, aumentou expressivamente o grupo dos proprietários de MPEs que acreditam na melhora na atividade, de 14% um ano antes para 43% em outubro de 2016. Por sua vez, 42% aguardam estabilidade - eram 41% em outubro de 2015. Os que esperam piora eram 37% em outubro do ano passado e agora são 8%.

Para 51% dos MEIs, haverá melhora na economia do País nos próximos seis meses - 24% pensavam assim em outubro do ano passado. Estabilidade é a expectativa de 39% ante 29% de um ano antes. Caiu expressivamente a parcela dos que esperam piora: de 43% em outubro de 2015 para 7% agora.

A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP foi realizada com apoio da Fundação Seade. Foram entrevistados 1,7 mil proprietários de MPEs e 1 mil MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os MEIs são definidos como os empreendedores registrados sob essa figura jurídica, conforme atividades permitidas pela Lei 128/2008. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.




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