quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Alunos não têm incentivo nas universidades para empreender, revela pesquisa

Da Redação

Pesquisa do Sebrae e da Endeavor, realizada pelo Instituto Data Popular, revela que a universidade é uma das fontes menos procuradas pelos jovens brasileiros na hora de se capacitar para empreender. O resultado da quarta edição da pesquisa “Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras” vai na contramão de outros países, principalmente daqueles que se destacam em inovação, no qual a universidade é vista como o lugar mais propício para testar e validar ideias.

A pesquisa aponta que as universidades não estão satisfazendo as necessidades dos alunos sobre empreendedorismo. Cerca de 65% dos professores estão satisfeitos com iniciativas de empreendedorismo dentro da universidade. Entre os alunos, porém, a média é de apenas 36%.

As instituições de ensino superior não possuem uma estrutura que aprofunde conteúdos de empreendedorismo. Quase um quinto das universidades (17,9%) não possui qualquer entidade interna que institucionaliza as ações ligadas ao empreendedorismo.

Dados são de estudo encomendado pelo Sebrae e pelo Endeavor | Foto: Reprodução 

Em geral, as instituições de ensino superior só têm disciplinas que inspiram os alunos a darem o primeiro passo. Programas que proporcionam maior visão empreendedora, como criação e gestão de novos negócios, franquias e inovação e tecnologia, estão presentes em somente 6,2% das instituições.
Em média, 56% dos alunos empreendedores acreditam que iniciativas de empreendedorismo como disciplinas, incubadoras e eventos são essenciais ao prepará-los para empreender, mas somente 38,78% das universidades, em média, oferecem essas oportunidades.

Como consequência, a universidade não é vista como ponto de apoio do aluno empreendedor. Do total de empreendedores universitários entrevistados, mais da metade (51,6%) não conversa com seus professores sobre negócios.

Foram entrevistados 2.230 alunos e 680 professores de mais de 70 instituições de ensino superior (IES), em todas as regiões do País, entre 29 de abril e 13 de maio de 2016. O objetivo foi mostrar como as (IES) estão lidando com o empreendedorismo, por entender que elas têm um papel fundamental para formar a futura geração dos brasileiros que irão criar inovação e empregos para o País.

Contraponto internacional

Os dados revelados pela pesquisa mostram um cenário diferente do que já é realidade em vários países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) oferece 60 cursos relacionados a empreendedorismo, sendo muitos intensivos e com viés prático, e um programa de aceleração para empreendedores, entre outras iniciativas.

Como resultado dessa aposta de longo prazo, um relatório da própria instituição mostrou que 30 mil empresas fundadas por ex-alunos do MIT estavam ativas no mercado em 2014, que empregavam 4,6 milhões de pessoas e produziram receitas anuais de US$ 1,9 trilhões, pouco mais que o PIB da Brasil de 2015, de acordo com o Banco Mundial.

Já a Universidade de Tel Aviv (TAU), em Israel, criou a Ramot, que apoia a criação de novas empresas baseadas nas tecnologias inovadoras desenvolvidas na TAU. Até hoje, a Universidade já foi berço de 65 start-ups e 198 licenças, além de 20 medicamentos e tratamentos médicos baseados em propriedade intelectual da instituição que estão sendo desenvolvidos.

A realidade no Brasil, no entanto, ainda é distante do que é visto nesses países. O diagnóstico, feito pelo estudo, mostrou que falta inovação e sonho grande, dentre os alunos empreendedores: quase 90% deles afirma que seu negócio não é novo no mercado nacional, e apenas 10% espera ter 25 funcionários ou mais nos próximos 5 anos.  

Alternativa de futuro que movimenta a economia

“Reforçar o conteúdo de empreendedorismo nas universidades é estratégico para o desenvolvimento da economia. Um em cada quatro universitários tem ou quer ter um negócio próprio, mas eles precisam de mais estímulo no ambiente que frequentam em uma fase muito importante da vida, de pensar o início da carreira profissional”, afirma o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

“Visto esses desafios, podemos traduzi-los em três primeiros direcionamentos para as instituições de ensino brasileiras. Primeiro, que elas deixem de oferecer iniciativas fragmentadas, ou focadas em inspiração, e ofereçam um ciclo com suporte às diferentes fases do aluno empreendedor, desde discussões introdutórias, passando por práticas de prototipação, até a abordagem de temas como gestão e escala.”, explica Juliano Seabra, diretor-geral da Endeavor. 

“Além disso, é importante garantir o acesso ao ensino de empreendedorismo para uma cartela mais variada de cursos e níveis, e torná-lo mais transversal, a fim de estimular a troca entre os diferentes perfis. E por fim, fortalecer a conexão dos educadores com o mercado, seja trazendo mais empreendedores para a sala de aula, seja aproximando os alunos de redes de alumni”, completa Juliano.   

Para conhecer todos os resultados da pesquisa de Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras 2016, acesse: info.endeavor.org.br/eub2016



Nenhum comentário:

Postar um comentário